Um ponto central da técnica psicanalítica é a compreensão dinâmica do sintoma.
Ou seja, o mais importante não é a descrição do sintoma (por exemplo, “falta de ar”, “dificuldade em estar entre outras pessoas”), e sim a função que o sintoma exerce na vida do paciente. Em sintomas analisáveis, essa função costuma ser de proteção de algum outro mal estar inconsciente.
Você já deve ter visto psicólogos que se especializam em atender uma única queixa (crises de ansiedade, transtornos alimentares, ideação suicida etc). Isso faz perfeito sentido em diversas abordagens teóricas, mas não funciona muito bem no atendimento especificamente psicanalítico, pois é necessário entender o movimento do sintoma, e não só observar sua imagem estática.
De dinâmicas psíquicas semelhantes podem resultar queixas muito diferentes, e queixas aparentemente iguais podem ter funções totalmente distintas.
Assim, ao psicanalista não é possível desmembrar seu campo de atuação em pequenas caixas do fenômeno sintomático, até porque o próprio paciente muda de caixa algumas vezes ao longo do seu tratamento.
Eu mesma não saberia nem dizer quantas pessoas já me procuraram com uma queixa de ansiedade que com o tempo acaba se revelando como um transtorno alimentar por exemplo, provavelmente porque o primeiro termo é mais comum. Na verdade, nem todo sintoma ou mal estar tem um nome, mas tem sempre uma lógica e é ela que deve ser procurada.